Javier Milei saiu vitorioso das eleições presidenciais da Argentina neste fim de semana e, com base no desempenho do principal fundo de índice global com exposição ao país, o Global X MSCI Argentina ETF (ARGT), os investidores reagem com otimismo ao novo governo do ultraliberal.
As ações do ARGT, listadas em Nova York, subiram mais de 12% no pré-mercado e mantiveram o mesmo ímpeto depois da abertura das bolsas. Às 11h45 (horário de Brasília), a alta era de 12,23%, negociando a US$ 47,12.
Para Luan Alves, gestor de portfólio da VG Research, a alta nas ações argentinas era esperada e deve continuar no curto prazo, visto que o mercado não tinha precificado completamente a vitória de Milei, mesmo ele sendo o favorito na disputa.
“Neste primeiro momento, é natural essa volatilidade e a correção do mercado. Temos que pensar que as propostas mais na linha neoliberal, como as do Milei, tendem a ser bem recebidas, por serem vistas como uma redução de risco e melhora de expectativa para o ambiente de negócios”, diz Alves.
Daniel Marcatto, sócio e analista sênior da Exploritas, em entrevista ao Radar InfoMoney, afirmou estar surpresa com o tamanho da alta. Segundo ele, o cenário é positivo, mas ainda envolve muitos riscos de implementação da agenda que Milei propõe.
Nesta manhã (20), o presidente recém-eleito deu uma entrevista à rádio local Mitre e reafirmou seu compromisso com uma solução para a dívida dos títulos públicos argentinos e a privatização das empresas estatais, citando nominalmente a petroleira YPF e outras companhias de comunicação.
Os recibos de ações da petroleira, listados em Nova York, registravam alta de 35% às 12h (horário de Brasília, ao preço de US$ 14,52.
A valorização da bolsa argentina, S&P Merval, e das ações locais ficarão para terça-feira (21), visto o feriado do Dia da Soberania Nacional que interromperam as negociações nesta segunda.
Risco x retorno
O S&P Merval acumula alta de 219% no acumulado do ano. O ETF ARGT, ganhos de 24,76%. Parecem números muito positivos. Entretanto, Alves destaca que o país é extremamente arriscado.
“Quando você olha para as agências de rating, elas não recomendam alocação. Há problemas nos títulos, devido aos defaults consecutivos, e também nas ações, com subsídios e margens apertadas em várias empresas”, diz o gerente de portfólio.
Todo esse risco também pode ser verificado no câmbio do país. A relação entre peso e dólar, que começou como um para um em 1994, chegou ao ápice de 1.000 pesos argentinos para um dólar no último pregão, antes das eleições.